A INDIGNAÇÃO: BASTA!
Escrito por Volodiaem 21 de janeiro de 2021
Raras vezes a indignação falou tão forte. Raras vezes a decepção foi tão profunda.
O que nos leva a uma invectiva: BASTA!
Basta de lassitude, basta de circunlóquios, basta de desculpas, basta de cinismo e basta de hesitação. Basta de se fazer pouco da grandeza do Grêmio e do sentimento do torcedor.
Estamos reféns da empáfia, do sarcasmo e dos erros absolutos travestidos de certezas incontestáveis. A entrevista pós-jogo de ontem destinava-se a isso. Ante o erro crasso e a absoluta falta de razão, técnico e dirigente partiram para a bravata vazia, para a impudicícia em forma de frases de efeito e para a verborragia estéril como se isso fizesse sumir o cadaval que se tornou a equipe.
Já há algum tempo defendemos a troca de treinador porque o ciclo teve fim. Alguns – quiçá muitos – de nós fomos iludidos por uma miragem de que o time havia centrado foco no Brasileirão. Miragem que se desfez sob o manto do opróbrio e da vergonha ante a apresentações pífias e indignas.
A entrevista do técnico ontem causa-nos espécie e faz-nos ferver o sangue pois é a prova de que a instituição crê tudo certo e sem problemas. A entrevista, porém, que deveria reverberar é a de Maicon que, ali, ante as lágrimas que transbordaram extravasando o sentimento de impotência, reconheceu os erros e, pelo menos, alenta-nos que há jogadores que sabem ver o que está acontecendo de verdade.
Não só abrimos mão – desde a segunda rodada quando optamos por reservas – do brasileirão como ajudamos a cair no colo do rival, o que faz que se tenha adicionado ofensa à injúria, diante do absoluto imobilismo do técnico e da direção, todos culpados.
A direção é mais culpada porquanto vê a composição descarrilhando e, mesmo dona e responsável pelo trem, diz que confia no maquinista e deixá-lo-á levar o comboio para o fundo da ravina. O alerta está dado há tempos.
A mudança que, há dois meses, já estava atrasada, hoje é imperiosa. Reféns do medo. Quem viria? Não sabemos – é para isso que a direção está aí. O que não se pode é seguir adiando o impostergável, porquanto cada dia a mais torna a situação ainda mais calamitosa. O que não se admite mais é o imobilismo. O que não se pode mais é crer que, fazendo a mesma coisa, se obterá um resultado diferente. A ausência de estratégia e tática, flagrante deficiência, sepultou quaisquer pretensões. E os cravos do ataúde são a falta de foco, a leniência de alguns e o medo infundado de mudar.
Sim, temos o direito à crítica porque amamos o Grêmio e estamos temerosos. Críticas fundamentadas, pertinentes e verdadeiras. Sim, o torcedor tem o direito de exigir e cobrar porque o Grêmio é sua torcida. Técnicos, dirigentes e jogadores vão e vêm. Passam e, por vezes, nem se lembram que o clube existiu. Ninguém é maior que o Grêmio, por mais que tenha feito no passado ou no presente. O futuro, todavia, pertence à torcida. O clube pertence a esta torcida apaixonada e será esta torcida que o salvará neste momento de crise.
Não é exagero falar em crise. Crise, sim. O fato de estarmos em 6º no brasileirão e na final da Copa do Brasil não podem servir de anteparo ou razão para negarmos a verdade: crise, sim. Crise porque estamos em sexto quanto poderíamos estar liderando com vantagem. Crise porque estamos carentes e corroídos pela moléstia da empatite derivada da falta de vontade e do laxismo que nasce na comissão técnica. Crise porque chegamos à final da Copa do Brasil mas com notórias deficiências qualitativas, de foco, vontade e estratégia, o que nos faz temerosos do sucesso no certame que se avizinha. Crise porque fomos vergonhosamente humilhados na Libertadores. Crise porque nos faltam perspectivas.
Mesmo que ganhemos a Copa do Brasil, a era Renato chegou ao fim no Grêmio. A questão não é se o vamos sacar, mas, sim, quando. E o quando é o dia seguinte à final da Copa do Brasil. O que não quer dizer que, entrementes, não se deva reformular a política institucional, que não se deva cobrar resultados, postura, dedicação e resultados efetivos.
É o momento do basta. É o momento de mostrarmos valor, brio e galhardia. É o momento de se salvar o Grêmio.
E terminamos como começamos: basta! Pelo Grêmio e para o Grêmio: Basta!
FOTO: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA